Artigo no site do Correio do Delegado Jesus Pablo fala sobre cenário da criminalidade na Bahia

Para onde vamos? Bahia vive cenário assustador de descontrole da criminalidade Leia o artigo na íntegra do delegado de Polícia Civil, especialista em gestão da segurança pública

Artigo no site do Correio do Delegado Jesus Pablo fala sobre cenário da criminalidade na Bahia

Será apenas uma mera coincidência que o estado que tem os piores índices de violência do país, seja também aquele que pior remunera os seus policiais?

A Bahia vive um panorama assustador de descontrole da criminalidade. Esta constatação não é uma opinião qualquer, mas um fato indiscutível. A realidade de violência no estado é algo terrível, percebido por toda população. Não é preciso que se diga ao cidadão daqui, que a segurança pública do estado não vai bem, pois isso é evidente, já que o baiano vive em constante estado de temor.

Segundo o levantamento do Atlas da Violência do IPEA, a Bahia não apenas é o estado mais violento do Brasil, como aqui estão 06 das 10 cidades com a maior taxa de homicídios do país. É também um dos estados em que há o maior número de óbitos de policiais em serviço. Isso é extremamente significativo e evidencia de maneira estridente a tragédia da insegurança em que vive o baiano.

Enquanto isso, os profissionais de segurança publica da Bahia recebem uma baixíssima remuneração, incompatível com a intensidade, a complexidade e a periculosidade do seu trabalho. Após década sem sequer receber reposição de perdas inflacionárias, os policiais baianos recebem hoje salários aviltantes. Por outro lado, a cada dia são maiores os riscos a que esses profissionais se expõem ao realizar a sua tarefa de combate direto ao crime e aos malfeitores.

Há anos, o governo que geria a Bahia, do mesmo grupo político que o atual, optou por investir em publicidade em detrimento de ações estruturais de repressão à criminalidade. Sobre os policiais baianos, não houve atenção ao seu clamor por valorização, a ponto do ex-governador afirmar que por ele podiam fazer “mil dias de greve”. Restou ali evidente que não era conferido aos guerreiros o reconhecimento e a valoração ao seu abnegado esforço.

Segurança pública é uma atividade feita por homens e mulheres, e depende de muita expertise e dedicação. Lançar os policiais à vala do desestímulo e do desânimo, definitivamente, não parece ter sido uma boa opção política.